domingo, 18 de abril de 2010

Semana das vocações


Esta vez queria partilhar convosco a história da minha vocação, visto que estamos na semana de oração pelas vocações.
Quando penso na minha história vocacional a primeira coisa que me vem em mente é um encontro e as palavras de um sacerdote, amigo da minha família. Lembro-me que ele disse à minha mãe: Krystyna um dia também deixará a casa (naquele tempo o meu único irmão já estava no seminário). Eu compreendi estas palavras com este significado, que eu deixaria a minha família para me tornar freira. Na altura tinha 17 quase 18 anos. Aquela palavra não me deixava em paz. Comecei a pensar que se calhar o Senhor chama-me para vida religiosa. E partir daquele encontro todas as minhas escolhas foram orientadas para vida consagrada. Problema era qual congregação escolher, já que na Polónia temos muitos institutos. Uma coisa era certa não queria ser nem professora e nem enfermeira. Então tinha pouca escolha, porque naquele tempo na Polónia maior das religiosas fazia este trabalho. E eu gostava de livros. O meu pároco fez-me proposta de trabalhar numa pequena livraria paroquial. Era o meu mundo. Conseguia estudar e trabalhar.
Um dia o meu pároco tornando da Roma trouxe para mim uma prenda, as cassetes das edições paulinas. Ali acabou o meu estudo. Continuamente estava ouvir aquelas canções tão lindas. Tenho que dizer que naquele tempo na Polónia não havia quase nada de edições religiosas. Era tempo de comunismo. Um dia devia ir com a minha turma de escola em peregrinação a Czestochowa, á Nossa Senhora de Jasna Gora. O meu pároco achou bem que eu aproveitasse desta ocasião para contactar os padres paulistas para fazer as compras de material para a livraria. Eu conhecia só os padres paulinos de Santuário, não sabia que tinha uma outra congregação com o nome parecido – os padres paulistas. Mas pronto, consegui chegar ao meu destino e fazer tudo que me foi pedido, e alguma coisa mais…. Pois ali que me deram um pequeno livro que falava das Filhas de São Paulo. Já quando me falaram desta congregação senti um toque no meu coração. Era mesmo isto que procurava. Chegando a casa, a primeira coisa que fiz foi escrever a carta a Superiora Geral dizendo que queria entrar na Congregação.
Devo dizer que naquele tempo não havia nenhuma comunidade das paulinas na Polónia. As primeiras irmãs, italianas, conheci só depois alguns meses.
Entrei com idade de 19 anos, sem conhecer a congregação, mas com a certeza que era isto lugar, onde o Senhor me chamava. Os primeiros tempos foram muito duros, tempo de comunismo, tempo de fundação, e mais as irmãs italianas não falavam polaco, nós postulantes (éramos 4) não falávamos italiano. Era tempo de fé. Deveria acreditar que também um dia na minha terra as paulinas poderão ter uma livraria e poderão livremente exercitar apostolado. Sonhava com outras polacas de meu grupo. Poderia contar muitas aventuras daquele primeiro ano. Era tempo de graça, graça de uma nova fundação.
Passaram quase 24 anos que deixei a minha casa, a minha família. E posso dizer que o Senhor continua a chamar-me. Quando eu penso que já deixei tudo por Ele, é próprio nessa altura toca deixar mais alguma coisa.
Ultima que deixei é a minha terra. Quando há pouco mais de um ano vim para Portugal. E devo dizer que já experimentei muitas vezes que o Senhor tem as melhoras propostas para minha vida. Eu as vezes insisto com o Senhor por uma ou por outra coisa, mas pois não fico contente. E por isso vale a pena confiar nEle, no Seu projecto para minha vida. Hoje sou uma Filha de São Paulo que cada dia descobre a própria vocação. Acho que ainda tenho muitas coisas para descobrir, porque o Senhor é muito criativo. Dou graças ao Senhor por: o dom da vida,pelos meus pais que sempre me apoiaram no meu caminho, para vocação sacerdotal do meu irmão, pela minha vocação e pela vocação missionaria. Sou feliz de viver cá nesta terra tão parecida com a minha. Por isso sinto-me já em casa. É só a língua portuguesa que ainda não me deixa em paz.

1 comentário:

  1. Olaola! Bem vou ser a primeira a escrever aqui neste post! Estou mto feliz de encontrar a irma Krystyna aqui pela blogsfera e ler este testemunho cheio de graças do Senhor! Obrigada pela partilha! Como tema da semana de vocações, testemunhos suscitam testemunhos!
    bjinhos Andreia - tavira

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